quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Confissão - Florbela Espanca


Aborreço-te muito. Em ti há qualquer cousa
De frio e de gelado, de pérfido e cruel,
Como um orvalho frio no tampo duma lousa,
Como em doirada taça algum amargo fel.

Odeio-te também. O teu olhar ideal
O teu perfil suave, a tua boca linda,
São belas expressões de todo o humano mal
Que inunda o mar e o céu e toda a terra infinda.

Desprezo-te também. Quando te ris e falas,
Eu fico-me a pensar no mal que tu calas
Dizendo que me queres em íntimo fervor!

Odeio-te e desprezo-te. Aqui toda a minh’alma
Confessa-to a rir, muito serena e calma!
……………………………………………………..
Ah, como eu te adoro, como eu te quero, amor!…

Florbela Espanca - Trocando olhares - 03/07/1916

3 comentários:

  1. Meu amigo isso é esplêndido e atemporal, não se prende a tempo nem lugar, e por mais incrível que possa parecer se encaixa como luva no meu momento.....Obrigada por compartilhar....bjs...

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  2. Tento ser educada, mas não me contenho, desculpe-me,mas me pergunto toda vez que venho aqui: De onde vem tanta sensibilidade????......

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    Respostas
    1. Olá Midian, como vem ou como entra inspiração é pelo carinho recebido dos amigos e obrigado pela passagem de sempre vc encanta e o momento ficara sempre em nosso coração bjssssssss!!!!!!!!!!! volte sempre!

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