sexta-feira, 29 de junho de 2012

O muro- Alberto de Oliveira





É um velho paredão, todo gretado, 
Roto e negro, a que o tempo uma oferenda 
Deixou num cacto em flor ensangüentado; 
E num pouco de musgo em cada fenda 

Serve há muito de encerro a uma vivenda; 
Protegê-la e guardá-la é seu cuidado; 
Talvez consigo essa missão compreenda, 
Sempre em seu posto, firme e alevantado. 

Horas mortas, a lua o véu desata, 
E em cheio brilha; a solidão de estrela 
Toda de um vago cintilar de prata. 

E o velho muro, alta a parede nua, 
Olha em redor, espreita a sombra, e vela, 
Entre os beijos e lágrimas da lua. 

(Alberto de Oliveira). 

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